
19 mar Entrevista Autodesk: “Criar um mundo melhor é o nosso propósito”
Entrevista Autodesk: “Criar um mundo melhor é o nosso propósito”
O modo como fazemos as coisas está mudando muito rápido. Estamos vivendo o “Maker Movement“, que é uma extensão mais tecnológica da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself (DIY).
Este “Movimento” tem como premissa que qualquer pessoa pode projetar, construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos com suas próprias mãos, usando a sua própria impressora 3D e ou então utilizando FabLabs, que estão sendo criados em todo o mundo.
Uma das empresas que mais incentivam esse empoderamento das pessoas é a Autodesk, líder mundial em software de projeto 3D para entretenimento, manufatura e engenharia. Ela é a fabricante do AutoCAD, Maya, 3ds Max, Revit, entre outros.
Desde softwares para construção até sua presença em filmes de Hollywood, a Autodesk está ajudando a desencadear o que os especialistas estão chamando de ‘A Nova Revolução Industrial‘.
Conversamos com Paul Sullivan, que é Tech Trends Evangelist, para a América Latina, da Autodesk. Nessa entrevista ele falou sobre a “razão” de existir da empresa, sobre disrupturas, impressão 3D e 4D, o futuro dos empregos, a sua visão do Brasil e compartilha o seu sonho pessoal.
A versão original em Inglês dessa entrevista está AQUI.
Qual o propósito, o “porquê” da Autodesk?
Há inúmeros desafios globais que enfrentamos no nosso mundo que vão desde o acesso aos cuidados com a saúde, passando pela melhoria das condições de vida, da educação da próxima geração, a densa urbanização, a escassez da água doce, a poluição e a pobreza.
A visão da Autodesk é ajudar as pessoas a imaginar, a projetar e a criar um mundo melhor. Essa clareza impulsiona a nossa empresa e todos os nossos colaboradores.
Por que criar um mundo melhor é o nosso “propósito”? Porque é a coisa certa a fazer. Esta é a nossa oportunidade de demonstrar responsabilidade, de contribuir e de retribuir, de uma forma que esteja alinhada com os negócios da Autodesk e com os nossos valores. Nossos funcionários amam trabalhar para uma empresa verdadeiramente voltada em fazer a diferença no mundo, e não apenas vender produtos.
O que vocês estão fazendo para incentivar o “Maker Movement“, a extensão mais tecnológica da cultura “Faça-você-mesmo”?
A Autodesk tem impulsionado a criatividade numa escala massiva, quando coloca a tecnologia nas mãos de milhões de pessoas de forma que possam compartilhar suas ideias e transformá-las em realidade – de estudantes e amadores aos profissionais de cinema e de games.
A tecnologia 3D não é mais só uma curiosidade tecnológica nas mãos da elite. Acreditamos que qualquer pessoa, em qualquer lugar, possa projetar, desenvolver e fabricar os mais diversos objetos usando apenas um software e uma impressora 3D. Bilhões de pessoas que anteriormente não tinham acesso a esses mercados globais, ou ferramentas de produção estão agora conectadas e têm acesso, graças à proliferação de impressoras 3D, à tecnologia mobile e à nuvem.
O futuro de fazer as coisas – incluindo os meios de produção, os comportamentos dos consumidores e até mesmo a definição de um produto – está causando uma disruptura nos modelos antigos. Isto inclui novos métodos de crowdsourcing para levantar capital, novos métodos de produção, novas formas de compra, uma interpretação atualizada do que é um produto, da propriedade intelectual e das novas formas de compartilhar ideias.
Nós também criamos o workshop Autodesk Pier 9, em San Francisco, na Califórnia. É um espaço de 2.500 metros quadrados que oferece aos “makers” uma experiência de construir colocando a mão na massa e de também experimentar uma vasta gama de materiais, como madeira, metal e compósitos. No Pier 9, há impressoras 3D de qualidade, ao lado de um serviço completo de CNC (comando numérico computadorizado) e salas de madeira e aço no estado da arte. É lá onde a Spark, nossa plataforma de impressão 3D, e a impressora Ember, foram desenvolvidas.
Como a Autodesk pretende causar uma disruptura na manufatura com a inteligência e a impressão 3D?
A tecnologia disruptiva pode ser qualquer inovação que cria um novo mercado e interrompe um mercado já existente. Ela causa uma mudança radical para os negócios e para a sociedade na forma como as coisas são concebidas e realizadas. A Autodesk está na vanguarda dessa mudança.
Estamos vivenciando o início de uma nova revolução industrial na manufatura global, e isso está acelerando a adoção de métodos digitais como a fabricação de aditivos (por exemplo, CNC, impressão 3D) e criando conexões mais estreitas entre o design e os processos de fabricação, anteriormente separados. Avanços para tornar o design 3D acessível e também na tecnologia de fabricação estão causando uma disruptura nas profissões de design, construção, manufatura, engenharia e entretenimento, como nós as conhecemos hoje.
Há um tremendo potencial para tecnologias de manufatura aditivas que irão revolucionar a forma como projetamos e criamos coisas. A Autodesk vê uma oportunidade – e uma necessidade – em acelerar o ritmo das inovações na indústria de impressão 3D. Queremos ajudar a tornar a impressão 3D acessível a milhões de pessoas, e relevante para bilhões (em comparação ao total de 100 mil impressoras vendidas até o momento), diminuindo as barreiras existentes à entrada.
Para ajudar a tornar a impressão 3D mais acessível, a Autodesk desenvolveu a Spark, uma plataforma gratuita, com software aberto, para a impressão 3D, a qual conecta informações digitais de uma nova maneira. A plataforma Spark fornece os blocos de construção para que designers de produto, fabricantes de hardware, desenvolvedores de software e empresas de materiais possam usá-los para inovar e extrapolar os limites da tecnologia de impressão 3D, e assim, acelerar a nova revolução industrial.
Hardware totalmente integrado, software e materiais também serão elementos críticos para acelerar a inovação em impressão 3D. Nós também lançamos a Ember, uma impressora 3D que demonstra o poder da plataforma Spark e estabelece um marco em experiência do usuário na impressão 3D … De acordo com nossa filosofia de abertura, estamos fazendo com que fique mais fácil integrar novos materiais e deixando as informações do design dessa impressora disponíveis publicamente. A eletrônica e o firmware da Ember são de código aberto, e estão disponíveis para download, verificações, modificações e melhorias.
Também estamos trabalhando em algumas tecnologias algorítmicas, incrivelmente surpreendentes, que chamamos de design generativo. Nós precisamos parar de pensar nos computadores como simples ferramentas para desenhar e começar a pensar neles como portais para uma exploração mais ampla. O design generativo tem uma abordagem que imita a natureza: ele começa cumprindo os objetivos para, em seguida, explorar todas as melhores possíveis permutações de uma solução – através de sucessivas gerações – até que a melhor solução seja encontrada.
O que as jovens empresas de tecnologia podem fazer para posicionarem-se na vanguarda da inovação e das disrupturas?
A Autodesk começou sendo uma disruptora. Então, hoje, muitas vezes eu vejo a empresa como uma cultivadora da criatividade – ajudando a capacitar e inspirar os outros a se tornarem disruptores inovativos. Ao derrubar os custos da tecnologia e democratizá-la para que todos tenham acesso – jovens empresas de tecnologia podem tornar-se verdadeiramente disruptoras.
Deixe-me dar apenas um exemplo em como estamos permitindo que jovens inventores causem disrupturas: engenheiros mecânicos e designers de produto podem agora usar o inovador Autodesk Fusion 360, que possui recursos de simulação que podem dramaticamente acelerar e melhorar o desenvolvimento de um produto. O Fusion 360 traz junto o CAD, CAM e CAE, na nuvem. É uma plataforma integrada, conectada e acessível, construída especialmente para atender as novas maneiras de projetar e fabricar produtos. Isso é uma virada de jogo.
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